domingo, 20 de março de 2011

A História de Anna & Kurt - Post 23 (SIGA A ORDEM DOS POSTS)

Kurt
Depois que o álbum foi lançado, causou muita polêmica, não sei por que. Todos quiseram saber sobre a história do álbum, por que escrevemos aquilo, o porquê de falar sobre morte, e mais um monte de bosta. Fiquei tão irritado com um repórter que me perguntou o porquê de escrevermos sobre a morte do Adam, que falei, tranquilamente:
-Nós somos livres pra escolher sobre o que vamos escrever, assim como você também é livre pra escolher se vai ou não encher nosso saco. Simplesmente.
Acho que ele nunca tinha escutado essa, porque "de repente" ele não quis perguntar mais nada. Claro que me crucificaram no dia seguinte, nas revistas que só estão interessadas na vida dos outros. Disseram que eu tinha xingado o cara de tudo quanto era nome e fizeram uma enquete: "Kurt Hudson deve ou não ser processado por danos morais?”.
Resolvi ver a enquete no site da revista e 85% responderam "não", e havia mais uma penca de comentários me defendendo, mostrando o que eu realmente tinha dito (que, curiosamente, havia saído numa matéria da revista mais confiável do Reino Unido). Ou seja, eles quebraram a cara.
Recebemos um convite para ir ao talk show do David Letterman. Aceitamos e fomos. O bom foi que pudemos esclarecer a polêmica do último álbum. Quando ele resolveu perguntar sobre isso, eu respondi:
-Esse álbum foi feito unicamente para uma pessoa única pra nós, que infelizmente não está mais aqui. Adam Viggs, ótimo empresário, ótima pessoa, uma pessoa infinitamente importante para nós.
Com isso, as perguntas sobre esse álbum foram cessadas. Rose, Regan e Ozzy foram chamados para subir ao palco, Rose a esta altura com três anos, Regan com um ano e 10 meses, Ozzy com 11 meses.
Fizeram umas perguntas para o Rose, como o que ela queria ser quando crescesse (clássica). Ela respondeu que queria tocar violoncelo na Orquestra Filarmônica de Berlim. Ela havia se inspirado em dois DVDs do Scorpions que nós tínhamos em casa. Um ao vivo com a Orquestra Filarmônica de Berlim em Hannover, outro, Acoustica, um show acústico ao vivo em Portugal, em que havia uma mulher que tocava violoncelo. Letterman ficou chocado quando escutou aquilo, porque geralmente as crianças da idade dela querem ser médicos, veterinários, bombeiros, policiais, mas ela não era a maioria. Era a minha filha. E só a minha filha diria aquilo. Fiquei orgulhoso disso.
Foi tudo muito divertido. Gostamos muito de ter ido lá. Voltamos cansados e o que mais queríamos era dormir. Mas quem disse que as crianças deixavam? Ozzy estava irritado, por causa do sono, Regan também. Rose queria ficar acordada até tarde. Mas essa vontade durou pouco: em cinco minutos ela havia dormido.
No final, dormimos só uma hora depois. E não dormimos o suficiente. Anna levantou junto com as crianças e foi arrumar a mesa do café. Me chamaram logo que acabaram de montar a mesa. Fui dando comida para o Ozzy, e ela para Regan. Rose já comia sozinha. Depois do café, Anna me pediu:
-Vou para a casa do meu pai com eles (ele já morava em Londres), você pode fazer um favor pra mim?
-Sim.
-Limpe a casa. Volto antes da hora do almoço.
Me deu um beijo e foi passear com as crianças. E eu fiquei com a bagunça da casa. Até comecei a arrumar, mas decidi beber um pouco. E mais um pouco. E mais um pouco. Até que o pouco chegou a muito. E eu dormi. E o pior: não havia limpado nada.
Eles ficaram fora das sete ao meio-dia. Nesse horário, acordo com um cutucão. Era ela.
-Pelo amor da minha paciência, eu não pedi pra você limpar a casa?
-Hãn?
Sinto uma almofada vir com força na minha cara.
-Saia daqui antes que eu te bata.
-Não faz isso com o papai não, mamãe. Defendeu Rose.
-Vá com o teu pai. Toma, Kurt. Disse, me dando Ozzy e Regan. -Vá brincar com eles.
Não discuti. Sabia que o risco de eu tomar uma porrada de garrafa na cara era grande. Anna levou três horas pra limpar a casa. E fui almoçar só às três da tarde, morrendo de fome - as crianças tinham almoçado por volta de meio-dia e meio.
-Pensei que o almoço não saía hoje.
-Se você tivesse feito o que eu te pedi para fazer, você teria almoçado junto com as crianças.
-Mas custava fazer o almoço antes de limpar?
-Isso foi pra você aprender para fazer o que promete. Poxa, eu te PEDI, não mandei. Custava fazer esse favor pra mim?
-Não sei limpar casa.
-Chamasse alguém pra ajudar. Você podia até ter chamado Bill, Gillian e Tommy pra fazer uma limpeza coletiva, sabe que eu não ligo, desde que você faça o combinado.
-Que criatividade. Por que não pensei nisso antes?
Ela não respondeu. Pra tentar fazê-la esquecer daquilo, perguntei:
-Como foi na casa do seu pai?
-Foi tudo bem. As crianças gostam de lá.
-Algo de interessante?
-Sempre o mesmo. Minha mãe ainda tem aquele medo de que você batesse nas crianças, por isso observou um por um pra ver se não tinham marcas. Foi bem desagradável.
-Acho que sua mãe nunca vai gostar de mim.
-Mas o que importa é que eu gosto. Mesmo com todas a suas gafes, eu ainda te amo. Riu.
Também ri e a beijei de um jeito que fazia tempo que não acontecia. Ela começou a pensar:
-Olha só pra nós, novos e com três filhos. E nem aguentamos mais olhar pra cara um do outro.
-Só se for pra você. Eu ainda consigo te suportar.
Rimos mais ainda. Resolvemos deixar as crianças com meu pai, para podermos descansar um pouco. Ele aceitou, claro, estava doido para ver os netos de novo. Deixamos as crianças na casa dele, que também era perto da nossa. Estávamos de volta em casa quando a Anna perguntou:
-Será que não vai ter problema?
-Claro que não.
Pela primeira vez na semana conseguimos ter um sono decente. Quando acordamos busquei os meninos. Voltei em casa e quando entrei lá estavam Bill e Janis, e era óbvio que estavam nos esperando.
A notícia foi chocante. Pelo menos para mim.

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