Anna
O ônibus havia sido roubado. Limparam todo o ônibus. Camisetas da turnê, eletrodomésticos, televisão, rádio, bebidas, drogas. Tudo mesmo. LIMPARAM o ônibus. Ficamos com muita raiva na hora. John não sabia que o cara que pediu ajuda pra trocar os pneus era cúmplice dos ladrões. Na mesma hora eu liguei pra polícia pra denunciar, enquanto Kurt pedia para o irmão de Adam, Ronald, que agora era nosso empresário, nos colocar em um hotel. Ele, sabendo do ocorrido, nos colocou no melhor hotel que conseguiu achar.
O hotel era de luxo, mas eu sentia falta do ônibus, se quiserem saber. Comecei a me acostumar e gostar dele. Fiquei muito chateada e com medo. E se tivessem matado o John? Eu não fiquei irritada com ele, ele não sabia, não tinha culpa. Fiquei angustiada e não consegui dormir direito. Kurt acordou e achou estranho:
-Por que está acordada a essa hora?
-Não consigo dormir.
-É por causa do roubo, não é?
-É. Fico imaginando se algo mais grave acontecesse.
-Dê graças porque não aconteceu, esse assunto já acabou, fique calma.
-Será que vamos conseguir recuperar nossas coisas?
-Espero que sim, estou sentindo muita falta do meu Whisky e da minha maconha.
Eu ri. Resolvi tomar um remédio para dormir que o Kurt tinha. Tomei um e caí no sono na mesma hora. Dormi uma noite inteira sem interrupções.
Isso porque eu não ouvi nenhuma interrupção. Kurt ficou acordado a noite inteira cuidando das crianças e mal conseguiu dormir. Disse ele que tentou me acordar, mas eu nem me movia. Pensando no efeito, eu disse:
-Melhor deixar isso fora do seu alcance.
-E do seu também. Estou morrendo de sono.
Como forma de me desculpar, deixei ele dormindo e saí com as crianças. o ar puro foi bom pra arejar as ideias e todos nós se divertámos correndo atrás das pombas. Vários fotógrafos estavam lá, mas eu não deixaria de viver minha vida por causa deles. Fiquei até mais ou menos a hora do almoço. Depois voltei com eles pro hotel para o almoço. E ainda não tínhamos nenhuma notícia do roubo. Isso me deixava apreensiva.
Meia-noite ligaram para o nosso quarto. Fiquei irritada até saber que acharam os ladrões e recuperaram tudo. Ainda bem que os ladrões usaram todas as drogas, senão todo mundo seria preso. Ou pelo menos iríamos parar na delegacia. Fiquei tão feliz na hora que acabei gritando. Kurt acordou e acendeu a luz:
-Mas que diabos! O que aconteceu?
-Acharam nossas coisas!
Ele ficou tão feliz que também gritou. E as crianças acordaram. Minha felicidade era tão grande que nem me importei. No outro dia saímos do hotel, com vários fãs e fotógrafos na rua. Nem liguei pra isso também. Só saí correndo ao encontro do ônibus e agradeci aos policiais.
Nossa estada em Portugal havia acabado. Começamos os shows na Rússia. Ozzy fez um ano e nove meses lá. Rose fez quatro anos na França, na Rússia ela já tinha três meses a mais. Regan fez três anos em Portugal. Na Rússia era um mês mais velha. As duas já eram muito independentes e brincavam juntas.
Mais quatro meses se passaram. A passagem pela Europa havia acabado. Era a mais longa e cansativa, porém era a minha favorita. Fomos para a Ásia. A essa altura, eu já tinha 24 anos. Kurt tinha 25. Gillian tinha 24 também. Bill tinha 25. Tommy já tinha 27. Janis ainda tinha 20, iria fazer 21.
Gillian terminou com a namorada dele, e curtia as noitadas com o Tommy. Eram os que mais bebiam e zoavam. Nunca ficavam no ônibus.
Chegamos no Japão. A adaptação foi difícil, mas curtimos a estadia lá. Depois de um mês lá, partimos para a Austrália. Aquele país sofreu muito para assistir nossos shows, por causa dos antigos fiascos. Mas tudo correu bem, por incrível que pareça. Depois de mais um mês, fomos para os Estados Unidos.
Só posso dizer que não gostei nada da estadia.
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